BRASILEIROS PELO MUNDO

Como morar no Canadá (vantagens e desvantagens)

Você já se pegou pensando nisso? Em tempos de crise política, social e econômica esse pensamento é ainda mais tentador.

“Vou tentar a vida no exterior”, mas será mesmo que morar fora do país, ou no Canadá é pra você?

O Alexandre fez o que muitos jovens e adultos pensam hoje em fazer. Pediu demissão (sim) e foi ao Canadá buscar novos ares, prosperidade e um futuro melhor.

E depois de viver lá, resolveu voltar ao Brasil.

E aí voce pensa: “Ele se deu bem e largou uma chance dessas!?” Será mesmo?

É muito importante sabermos o que nos espera e ninguém melhor do que os Brasileiros com essa experiência pra indicar o caminho. Experiência e troca, é o que esperamos trazer para você aqui.


Leia mais sobre morar fora do Brasil no Blog Aos Viajantes:
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Como morar no Canadá em passo a passo

Alexandre morou em Ontário e conta pra como organizou sua vida para ir morar lá.

Ele explica também os motivos de ter ido ao Canadá e voltado de um país tão amado pelos Brasileiros.

Nesse post você vai descobrir:

  • Os passos para quem tem planos de morar no Canadá
  • Custos do dia a dia
  • A vantagem incomparável de viver no Canadá
  • A desvantagem que fez o Alexandre voltar

Alexandre o que te motivou a ir morar no Canadá?

“Ir para o Canadá sempre foi uma vontade tanto minha quanto da Talita, minha esposa. O que muito nos chamava a atenção era o fato de ser um país muito organizado, onde as leis funcionam, onde a educação é um exemplo e o sistema de saúde é eficaz.

Acreditávamos ser um lugar ideal para construir uma vida e uma família. E realmente é tudo isso.Além é claro de adorar o hockey! Um dos maiores esportes do país. Isso contribuiu para o estímulo de partir. A prática de arqueria, a cultura de caça (tanto com armas de fogo como com arco e flecha) é muito comum lá!”

Qual o plano para morar no Canadá?

“Nossa ideia inicial era eu fazer uma pós-graduação de dois anos e a Talita procurar um emprego. Nestes dois anos iríamos conhecer bem o país, a cultura, o clima e então decidir se tomávamos um passo mais importante, que seria tentar a imigração permanente.”


O que voces foram fazer lá? como foi esse processo?

“Nosso processo foi longo, desde o momento em que decidimos viver essa experiência até a concretização. Desde que nos casamos começamos a juntar dinheiro para todo esse processo (1 ano e 3 meses até a viagem).

Primeiro decidimos qual seria o plano: Eu iria fazer uma Pós (visto tipo Student permit) e a Talita trabalhar (visto tipo work permit). Não queríamos partir para uma imigração pelo fato de não termos certeza de que moraríamos “para sempre” no Canadá.

Decidimos também para quais locais e colleges iriamos aplicar. Entramos em contato com os colleges (os quais sempre foram muito atenciosos) e pesquisamos o mercado de trabalho das regiões para nossa profissão. Sabíamos que o mais importante pra ingressar nos Colleges escolhidos era ter a certificação de inglês (IELTS ou TOEFL), a tradução juramentada do diploma e histórico escolar. E foi isso que fizemos.

Em junho de 2014 já tínhamos esses documentos em mãos. Em julho demos entrada na “application” para o college e fui aceito em menos de dois dias!”

Escola de inglês
Rua onde moravam
O prédio em que moravam

Foi difícil a partir daí conseguir o visto canadense?

“A partir do momento em que fui aceito, começamos a juntar a documentação para o visto. Conforme orientação, demos entrada no visto em setembro de 2014 e em menos de 15 dias estávamos com o passaporte na mão! Muitas pessoas demoraram muito mais tempo que isso para conseguir o passaporte com o visto.

Esse processo parece fácil, mas exige muita cautela, organização e planejamento; quanto mais completo seu dossiê estiver, mais certo, rápido e positivo será o retorno do centro de imigração.”

Como foi a decisão de pedir demissão numa época em que já haviam muitas pessoas como dificuldades de se estabelecer no mercado de trabalho? A motivação teve que ser grande não é?

“Sair do meu emprego foi um passo mais difícil, embora algumas pessoas soubessem da minha vontade de ir pro Canadá, quase ninguém sabia que eu tinha um processo correndo.

Como já possuía um cargo de grande responsabilidade na empresa e todos estavam muito felizes com meu resultado, foi difícil recusar as contrapropostas. O que queríamos não era simplesmente viver uma experiência fora do Brasil, mas sim viver isso no Canadá, e isso infelizmente a empresa não podia fazer por mim. Mas saí deixando as portas bem abertas.”

Como foi a aceitação da sua família e amigos?

“O sentimento da família nessas horas é sempre dividido, um misto de alegria por estarmos realizando um sonho e tristeza por não terem mais a gente por perto. O apoio deles foi fundamental nesse processo.

Muitas pessoas também diziam que estávamos fazendo tudo na hora certa, que o momento era aquele pois éramos jovens sem filhos. Era o momento de arriscar. Nossos amigos mais próximos também tinham uma mistura de sentimentos, mas o apoio foi grande.”


O que as pessoas não te diziam sobre o Canadá e você descobriu lá?

“Bom, tá aí uma pergunta interessante. O engraçado é que a maioria das coisas a gente já sabia, pesquisamos e lemos muito nos anos em que nos preparamos para essa mudança. Mas o que descobrimos lá foi que por mais que já soubéssemos de tudo que estava por vir, a vivência de tudo aquilo é muito diferente.

Descobrimos que sentir na pele a saudade das pessoas e a perda da convivência em momentos importantes de amigos e família é muito dolorido.”


Saiba tudo sobre o que fazer em Montreal no Canadá com o Beneth!


Qual a melhor parte de morar no Canadá?

“A melhor parte do Canadá é a segurança e a segunda melhor é o senso de sociedade que as pessoas possuem.

A segurança é indiscutível; amigos nossos deixavam a porta de casa sempre sem trancar e nunca tiveram problemas. Andar noite sozinho na rua também era super tranquilo.

Outra coisa era a organização, tudo sempre limpo e arrumado. As paisagens sempre muitos lindas tanto no inverno como no verão. Uma coisa muito interessante lá é a confiança que as pessoas tem na sua palavra, isso era algo que para pessoas honestas facilitava muito, sem burocracia para fazer algumas coisas. O povo sempre muito educado e simpático (na maioria) é algo muito bom também.”

Pescaria no Lago congelado (na casinha vermelha)
Coleta do Mapple Syrup
Caminhão que recolhe a neve das ruas

E o senso de sociedade, tenho um exemplo, ao fim do inverno as pessoas se reúnem para fazer limpeza das praças e parques, é um evento marcado e sempre tem muita adesão.

Ao final a prefeitura organiza um churrasco e as pessoas, mesmo sem se conhecerem, sentam juntas conversam, se conhecem.”

Que interessante isso! E a pior parte de morar no Canadá?

“As piores partes são: a saudade dos familiares e a comida.

A grande maioria dos alimentos são enlatados industrializados, só porcaria! Você encontra tudo o que você puder pensar enlatado e industrializado. Por exemplo, pra você fazer uma sopa de legumes frescos você vai gastar em média uns 20 dólares, mas você compra uma lata de sopa de legumes (com tudo já dentro, cenoura, batana, macarrão e etc) suficiente pra servir até 3 pessoas por 1 a 2 dolares!! Enfim, come-se muito pouca comida fresca de verdade.

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Outro ponto negativo é a forma de relacionamento um tanto mais frio com as pessoas.

Não adianta, eles são diferentes. São mais reclusos, saem muito pouco de casa, e não possuem aquela alegria contagiosa no dia a dia. Na pós graduação eu sentia muito isso, as pessoas são mais depressivas, mas carentes…. Tanto é que o Canadá possui um dos maiores índices de suicídio do mundo!”

Leia também: O que fazer em Toronto, pela Grasi do Tá na Minha Rota

Você falou do custo da alimentação, como era essa questão do custo de vida no Canadá?

“Realmente “as coisas” custam muito menos no Canadá; celular, videogames, roupas, calçados, utensílios domésticos, carros, casas, enfim, todas essas tranqueiras custam bem menos!

Mas qualquer comida fresca no mercado, qualquer almoço decente num restaurante vai te custar um orgão do corpo!! Isso até pode ser considerado uma das “piores partes”.

Jantar feito em casa, salada é cara e rara, mas o Mapple Syrup no salmão é normal.
Panquecas com Mapple Syrup

Você compra um tenis decente por 20 dolares, mas paga 15 dolares numa melancia pequena!!

Você compra uma camiseta na Giant Tiger por 1,99 dolares, mas paga 20 dolares numa bandeja com 3 pedacinhos de carne!!

Com 6 dolares você pega uma refeição completa no McDonald’s, mas se quiser comer uma massa fresca num restaurante você vai gastar uns 25 dolares por pessoa se não tiver promoção!!

E aí, o que você valoriza mais?? Isso é uma decisão muito pessoal.”


O que te fez mudar de ideia? Quando voce percebeu que queria voltar?

“O que nos fez mudar de ideia foi perceber que estávamos deixando de conviver mais com pais, família e amigos. Deixando de fazer parte da vida deles.

Um final de semana em família já não fazia mais parte dos nossos planos. Percebemos que as pequenas coisas do nosso cotidiano como um pão francês com margarina e café com leite estavam fazendo falta pra gente. Podíamos sim nos adaptar à nova vida, a questão era se queríamos isso.

Foi então que decidimos que iriamos ficar os dois anos propostos lá e voltar depois…

Mas a vida é uma surpresa, então foi aí que apareceu a oportunidade de retorno para a empresa que eu trabalhava. Pensamos bem e decidimos que iriamos aproveitar essa oportunidade que não sabíamos se iria existir no futuro, e decidimos voltar antes.”

Você se arrepende de algo?

“Não, a experiência foi sensacional, tivemos sorte de encontrar pessoas maravilhosas lá. O aprendizado também foi imenso.

Nós vivemos intensamente o Canadá, sofremos e sorrimos muito lá, viajamos, vivemos o cotidiano deles, trabalhamos com eles, sentimos os problemas delas, saímos com eles, bebemos com eles, cantamos com eles, jogamos bola, andamos de bicicleta, limpamos praças, participamos de feiras… Vivemos realmente como canadenses!

E os maiores aprendizados que tiramos de tudo isso foram:

– Todos os países possuem problemas, e sempre vai haver motivos pra você reclamar. A forma de encarar as coisas e o seu senso de sociedade é que pode mudar tudo isso!

– A sua casa é aonde o seu coração está, e o nosso estava no Brasil.

Descongelamento do Rio St. Clair (Sarnia)
Flores e bandeiras Canadá como morar

Você faria algo diferente e acha que isso poderia ter ajudado a sua permanência lá?

“Talvez o que fizesse a gente ficar teria sido a Talita conseguir emprego na área, o que não dependia da gente. Isso provavelmente teria mudado um pouco nossos planos de voltar.

Mas acreditamos que a vontade de voltar viria e ficaria cada vez mais difícil com o tempo tomar essa decisão.”

E ao decidir voltar, o que seus amigos e familiares disseram? Te apoiaram?

“Por incrível que pareça, as os amigos e familiares ficaram muito mais feliz em voltarmos do que quando fomos, mesmo sabendo que lá é um país muito bom, a presença física faz toda a diferença.”


O que você diria pra quem está nessa situação de querer ir ? ou de querer voltar.

“Faça o que você quer fazer! Não deixem pra depois! Não use as desculpas, “ah meu trabalho”, “ah não tenho dinheiro” “ah, não posso voltar, “o que as pessoas vão pensar?” e qualquer outra desculpa que possa vir na sua cabeça.

Saiam da zona de conforto, se vocês realmente querem fazer, corram atrás e façam! Vocês vão conseguir!”

E hoje, após alguns tempo no Brasil, como foi se readaptar?

“Estamos felizes morando no nosso pequeno apartamento e praticando nosso arco flecha semanal aqui no Brasil.

Tomamos uma cervejinha e fazemos um churrasco de vez enquanto, visitamos nossos parentes e amigos e temos certeza de que é aqui onde queremos estar.

Hoje, alguns meses depois de voltar, o que posso dizer é que estou muito feliz com a decisão que eu e minha esposa tomamos.

Valeu muito a pena ter ido e vivido intensamente tudo isso, e valeu muito mais ter voltado!”


O Alexandre é engenheiro, casado com a também engenheira química e fotógrafa Talita e já morou em muitos lugares. Saiu de Cuiabá no Mato Grosso pra fazer faculdade em Curitiba. Entre mudanças de coração e mudanças profissionais já fez de Santos, São Paulo e do Rio de Janeiro suas casas. Sua “alma cigana”, faz com que ele busque um lugar que o atenda, não por moda, status ou por ser fora do país. Para alguém que já morou em tantos lugares, adaptar-se a um novo ambiente é fácil.


Como morar no Canadá com vantagens e desvantagens te ajudou?

Se animou a ir para o Canadá?

Conta pra mim nos comentários, o Alexandre lê e responde também sua dúvida 😉

Se sua ideia for morar em outro país por pouco tempo, por que não tentar um intercâmbio no Canadá?

Maíra Silveira

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